Trumai

O povo Trumai vive no Parque Indígena do Xingu, na região central do Brasil. O parque – que pode ser subdividido em duas grandes áreas, Alto e Baixo Xingu – é oficialmente reconhecido e protegido pelo governo brasileiro. A área é administrada pela FUNAI, Fundação Nacional do Índio, órgão federal que cuida de assuntos relacionados a povos indígenas no país (www.funai.gov.br)

Há vários grupos indígenas vivendo no parque. As línguas faladas por estes grupos pertencem aos quatro maiores troncos lingüísticos brasileiros: Tupí, Aruák, Jê e Karíb. A língua Trumai não pertence a nenhum destes troncos, nem a nenhuma das demais famílias lingüísticas conhecidas. Do ponto de vista genético, o Trumai é considerado uma língua isolada.

O Povo Trumai vive em três aldeias no Parque do Xingu: Terra Preta, Boa Esperança e Steinen. Há também famílias Trumai vivendo em outros locais dentro do parque, assim como nas cidades de Canarana e Vera, localizadas próxima à area indígena.

Embora a população Trumai conte com mais de 100 indivíduos, o número de pessoas que efetivamente fala a língua é menor. Há várias explicações históricas para o decrécimo no número de falantes. Hoje em dia a maioria dos jovens da comunidade ainda entende o Trumai, mas vários deles usam o Português em sua interações comunicativas. Na comunidade Trumai há também indivíduos que falam outras línguas xinguanas (por exemplo, Kamayurá, Aweti, Suyá e Waurá); estes indivíduos juntaram-se ao grupo através de casamentos inter-tribais.

Nos últimos anos, o acesso dos índios do Xingu às cidades próximas ao parque tornou-se mais fácil, e como conseqüência disso as viagens para estas cidades têm se tornado cada vez mais freqüentes. O contato intensificado com a vida nas cidades está produzindo mudanças no Xingu, como a introdução de roupas, rádio, TV, alimentos industrializados, etc. O uso da língua portuguesa também está se tornando mais forte. Eventualmente, estas mudanças terão efeitos na cultura dos grupos do parque.

O povo Trumai já está consciente deste fato; eles sentem que é necessário tomar algumas ações para proteger seus conhecimentos lingüísticos e culturais. A perda de uma língua e de seu repertório de mitos, cantos e práticas orais leva à perda de toda uma visão de mundo, assim como de suas manifestações lexicais, gramaticais e discursivas. Preservar uma língua é um tarefa de alta importância, que os Trumai valorizam muito. Eles se preocupam com suas tradições e estão interessados em documentá-las e conservá-las. O objetivo do presente projeto é de oferecer aos falantes de Trumai uma oportunidade de fazer tal documentação, organizando um arquivo com uma variedade de materiais, de modo que no futuro as pessoas possam ter contato com a riqueza da língua e cultura Trumai.

drawing made by Tawalu Trumai

“Derrubando roça para plantar mandioca” – desenho feito por Tawalu Trumai. © 1996-2004 Direitos autorais de Tawalu Trumai.

Karuwaya Trumai drawing

Este desenho, feito por Karuwaya, é uma das bonitas ilustrações encontradas em materiais educacionais do povo Trumai. © 1996-2004 Direitos autorais de Karuwaya Trumai.

arrows

Os homens Trumai sabem pegar peixes usando flechas; eles possuem excelente pontaria. Aqui vemos flechas que são usadas para pescar peixe. Elas têm a ponta bastante afiada. A extremidade de baixo é decorada com penas de aves. © 2002-2004 Foto feita por Raquel Guirardello-Damian.

baked fish

O povo Trumai às vezes assa peixes diretamente sobre o fogo. Depois os peixes são comidos com beiju (um tipo de pão, feito de mandioca), o qual é chamado em Trumai de t’ak. © 2002-2004 Foto feita por Raquel Guirardello-Damian.

© 2002-2003 by Raquel Guirardello-Damian.