O Trumai é uma língua geneticamente isolada, isto é, suas afiliações genéticas são desconhecidas. É possível que as línguas que teriam sido aparentadas ao Trumai tenham desaparecido sem qualquer tipo de documentação ou registro, o que então faria do Trumai o único representante existente de toda uma família lingüística.
Greenberg (1987) propõe que o Trumai pertence ao tronco Equatorial, uma das três ramificações sul-americanas do tronco Ameríndio (os outros ramos seriam o Macro-Tukano e o Andino). Porém, não está claro de que forma o Trumai seria relacionado às outras línguas classificadas como equatoriais ou mesmo se ele faria parte deste tronco; e ainda que o Trumai realmente pertencesse a ele, sua relação com as outras línguas equatoriais seria tão remota que não seria possível fazer estudos comparativos como os realizados entre línguas claramente aparentadas. Portanto, é ainda mais adequado classificar o Trumai como sendo uma língua isolada.
O Trumai foi influenciado por outras línguas xinguanas com relação ao léxico (por exemplo, há empréstimos do Kamayurá, uma língua Tupi), mas não há evidência de relações genéticas com elas. Em termos de características tipológicas, o Trumai também parece ser um exemplar especial na região. Possui oclusivas e africada ejetivas, sons não atestados em outras línguas do Parque (Emmerich 1980; Fargetti 1992; Seki 2000; Dourado 2001). Seu padrão ergativo não é semelhante aos observados em outras línguas xinguanas ergativas, como o Kuikuro (uma língua Karíb). O Trumai possui também três marcadores de Dativo, o que do ponto de vista tipólogico é um fato bastante interessante.
Referências
Dourado, Luciana. 2001. Aspectos Morfossintáticos da Língua Panará (Jê). Universidade Estadual de Campinas, Tese de Doutorado.
Emmerich, Charlotte. 1980. “A fonologia segmental da língua Txikão: um exercício de análise”. Rio de Janeiro: Boletim do Museu Nacional, série Linguística X.
Fargetti, Cristina. M. 1992. Análise Fonológica da Língua Juruna. Universidade Estadual de Campinas, Dissertação de Mestrado.
Greenberg, Joseph H. 1987. Languages in the Americas. Stanford, Calif.: Stanford University Press.
Seki, Lucy. 2000. Gramática do Kamayurá, língua Tupi-Guarani do Alto Xingu. Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas.